VERSOS À MEU AVÔ MORTO.
Amador Filho.
Um dia, indo ao cemitério,
Tendo nas mãos o Evangelho,
Aquele mesmo que herdei de ti!
Tive saudades, confesso não nego,
Aqui estou, porque saudades rego,
De ti vovô, que um dia perdi.
Como o sol que declina no poente,
Como a flor murcha, está pendente,
Nesta noite meu ser chora por ti.
É a lágrima de saudade, dolorida,
Que do fundo do olhar, rola vertida.
Por ti vovô, que um dia eu perdi.
E foi num sudário negro e feio,
Que levaram para a cova o teu seio,
Que tanto aqueceu-me em criança.
Protegestes-me com carinho e devoção,
Junto ao teu magnânimo coração,
Naquela quadra de alegria e bonança.
Hoje recordo tuas peregrinas virtudes,
E ti imagino, volitando na amplitude
Do infinito azul, buscando Deus!
Tento seguir os conselhos e proceder,
Do homem de bem que cumpriu seu dever,
E hoje é estrela rutilante lá nos céus!.
Santa Luz, 15.08.1960.