VERSOS À MEU AVÔ MORTO.

Amador Filho.

Um dia, indo ao cemitério,

Tendo nas mãos o Evangelho,

Aquele mesmo que herdei de ti!

Tive saudades, confesso não nego,

Aqui estou, porque saudades rego,

De ti vovô, que um dia perdi.

Como o sol que declina no poente,

Como a flor murcha, está pendente,

Nesta noite meu ser chora por ti.

É a lágrima de saudade, dolorida,

Que do fundo do olhar, rola vertida.

Por ti vovô, que um dia eu perdi.

E foi num sudário negro e feio,

Que levaram para a cova o teu seio,

Que tanto aqueceu-me em criança.

Protegestes-me com carinho e devoção,

Junto ao teu magnânimo coração,

Naquela quadra de alegria e bonança.

Hoje recordo tuas peregrinas virtudes,

E ti imagino, volitando na amplitude

Do infinito azul, buscando Deus!

Tento seguir os conselhos e proceder,

Do homem de bem que cumpriu seu dever,

E hoje é estrela rutilante lá nos céus!.

Santa Luz, 15.08.1960.

Sertanejoretado
Enviado por Sertanejoretado em 29/05/2012
Reeditado em 08/09/2012
Código do texto: T3693548
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