Inquietação
Inquietação
maria da graça almeida
Não desejo minha mão
a tremer, sem emoção,
tampouco minha cabeça
a girar sem direção.
As drágeas não me auxiliam
mínguam minha alegria,
aniquilam-me as fantasias.
Não quero o chão vacilante,
nem as pernas claudicantes,
não mereço tal fragilidade,
nem a cruel imobilidade,
que acomete muita gente,
insinuando-se indolente,
ou aflorando num repente.
Não quero e nem posso
dividir recentes medos,
tampouco revelar
meus vãos segredos.
Não me permite a dignidade,
que eu me exponha à vontade.
Não pretendo ser a miragem
do que um dia já fui,
nem a longa viagem
que não se conclui.
Não quero que seja assim
a desculpa para meu fim.