Divagação
Divagação
maria da graça almeida
Valoriza-se o pão
quando falta a refeição.
A bênção solta no ar
não dissolve as culpas do homem.
Não há pombo, passarinho,
nem grãos em minhas mãos.
Nem sequer há sonhos vãos,
que sosseguem os que não dormem.
Sob o sol que cedo reluz,
há jovens pregados na cruz.
O luar que me absorve,
aprisiona-me o olhar.
A fornalha que me envolve,
não me deixa descansar.
Da escada, o desvão
sobe na contramão.
Dilato a escuridão,
quando tarde acendo a luz.
Ao sono que nos conduz,
nem sempre fazemos jus.