CANTO 05

Vejo a boca da noite, ao entardecer, encher-se de estrelas, como dentes brilhantes.

Sentado no degrau frio, mastigando chiclete de hortelã, fiava o longo colar da saudade, espiando a freqüente dança dos galhos das goiabeiras, impulsionados pelos ventos noturnos.

Meu pensamento diafanisava-se, para evolar-se num risco de luz estrelado, perdendo-se na amplidão da noite!

E fico ali, aspirando o perfume sutil das flores da minha laranjeira, enquanto recebo a madrugada que derrama luz!

Recompondo as vestes rotas dos meus sentimentos, percorro a casa vazia e só encontro a solidão nobre, augusta, imponente!

Ela voltará, falam numa afirmativa muda, as estrelas mais brilhantes da amplidão!...

Voltará, remete a harpa dorida do meu coração!...

Quando?

Sertanejoretado
Enviado por Sertanejoretado em 28/05/2012
Código do texto: T3691704
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