CANTO 05
Vejo a boca da noite, ao entardecer, encher-se de estrelas, como dentes brilhantes.
Sentado no degrau frio, mastigando chiclete de hortelã, fiava o longo colar da saudade, espiando a freqüente dança dos galhos das goiabeiras, impulsionados pelos ventos noturnos.
Meu pensamento diafanisava-se, para evolar-se num risco de luz estrelado, perdendo-se na amplidão da noite!
E fico ali, aspirando o perfume sutil das flores da minha laranjeira, enquanto recebo a madrugada que derrama luz!
Recompondo as vestes rotas dos meus sentimentos, percorro a casa vazia e só encontro a solidão nobre, augusta, imponente!
Ela voltará, falam numa afirmativa muda, as estrelas mais brilhantes da amplidão!...
Voltará, remete a harpa dorida do meu coração!...
Quando?