Choro e poesia
“O essencial, em poesia, não é o Amor, a Vida, Deus e outras maiúsculas, mas a própria poesia.”
(Mário de Andrade)
Notei quando a poesia
escorria dos seus olhos.
Outros olhavam e viam
lágrimas. Divisei versos!
Se fosse neve, abrasaria.
Se fosse lobo, devoraria.
Mas era verso, era poesia
que do seu olhar escorria.
Após, nas asas de uma águia
ergueu-se e no céu se diluía.
corporatura que se desfazia.
Choro que caía, se consumia.
Poesia é um rastro na neve.
É um pássaro e é um canto;
um choro, um riso, prantos.
É um nada, às vezes, tudo!
Poesia, além de letra é figura.
É poesia o que seu olho quer
que seja. Verso pinga do olho,
brota do choro. Poesia é ouro!
Na hora que poesia caía do seu
olhar nem queria que cessasse
o choro. Queria que chorasse...
Para que se eternizasse poesia!