Flor do meu sertão

H. Amador

Tu és singela flor do meu sertão,

Não penses que isto é bajulação.

Tu és alegria, és movimento, és vida.

Tens o suavissimo perfume da rosa,

Do lírio ou da margarida orgulhosa,

Na elegância do cravo, estás contida.

És esperança, na grande adversidade,

Quando a seca nos maltrata sem piedade,

Quando o sol inclemente mata tudo.

Quando o gado emagrece sem comida,

Quando a pastagem, já está toda batida,

Quando o homem de tristeza fica mudo.

O sertanejo não é mais o mesmo homem.

Onde quer que ele olhe só vê a morte,

Não se ouve mais o cantar da passarada.

O tempo da fartura vai tão distante

A saudade, no seu peito, vibra constante,

Sua alma de chorar fica desesperada.

Porém tu, bela flor do meu sertão,

Continuas a me dar a inspiração,

Para que, estes versos, eu possa rabiscar.

Implora a Deus, que de nós tenha compaixão,

E mande chuva, e acabe logo com este verão,

Para nosso crudelíssimo sofrimento terminar.

Santa Luz, 01.11.91

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Sertanejoretado
Enviado por Sertanejoretado em 27/05/2012
Código do texto: T3690009
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