Flor do meu sertão
H. Amador
Tu és singela flor do meu sertão,
Não penses que isto é bajulação.
Tu és alegria, és movimento, és vida.
Tens o suavissimo perfume da rosa,
Do lírio ou da margarida orgulhosa,
Na elegância do cravo, estás contida.
És esperança, na grande adversidade,
Quando a seca nos maltrata sem piedade,
Quando o sol inclemente mata tudo.
Quando o gado emagrece sem comida,
Quando a pastagem, já está toda batida,
Quando o homem de tristeza fica mudo.
O sertanejo não é mais o mesmo homem.
Onde quer que ele olhe só vê a morte,
Não se ouve mais o cantar da passarada.
O tempo da fartura vai tão distante
A saudade, no seu peito, vibra constante,
Sua alma de chorar fica desesperada.
Porém tu, bela flor do meu sertão,
Continuas a me dar a inspiração,
Para que, estes versos, eu possa rabiscar.
Implora a Deus, que de nós tenha compaixão,
E mande chuva, e acabe logo com este verão,
Para nosso crudelíssimo sofrimento terminar.
Santa Luz, 01.11.91
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