CANTO 03
EU E MINHA MANGUEIRA.
Murmurei todas as minhas queixas aos ouvidos de tuas folhas, na tentativa de compreenderes as angustias do meu desgraçado peito.
Escutastes silenciosa as minhas mágoas, como compreensiva amiga, que se acostumou a entender.
Supliquei-te expressões de afeto, para pensar com o bálsamo da tua amizade as feridas da minha solidão.
Sorriste ao sopro suave do vento, e sentindo meu drama, mandaste diminutas gotas do orvalho da madrugada para refrescar o calor da minha desesperança.
Dias depois, voltei a falar-te, encostado ao teu tronco amigo e aconchegante.
Procurei num murmúrio agonizante dizer-te novamente todas as minhas constantes ansiedades, e ficastes calada à minha dor.
Porém, no sorriso de tuas flores senti a mensagem de tua compreensão, como, tempo depois, ao provar teus frutos, percebi que teu socorro chegava em forma de afetiva doação.
Desde então, parti em busca do esquecimento da minha desdita!...