Da poesia perdida
Para a cordialíssima amiga e poeta maior, Zuleika dos Reis
Daqui a pouco, hei de ser estrangeiro de novo e, sobre as nuvens, levarei a verdade do viciado que me pede cinquenta centavos para o álcool. Quero mendigar minha poesia de volta. Deixada em trilhas, migalhas, cacos que não mais se verão como um. Que não formam, que não foram poesia. Quero mendigar poesia, lá onde serei estrangeiro. Lá onde cuidam de flores e fazem pouco das folhas. Hei de mendigar poesia e haverão de me saber a pedinte verdade. O álcool, o tabaco, os trago sempre em mim. Mas quero a minha poesia deixada. Minha poesia perdida.