VIDA VAZIA
H. Amador
Às vezes fico num cismar, perdido.
Minha alma triste, nada mais entende,
Olhando a folha que o vento leva,
Cheirando a flor que solitária, pende.
A minha vida é um deserto árido,
Donde não viceja nem sequer um amor!.
Meu coração é como o sino dum campanário,
Que só entoa mero canto de dor.
Sigo no mundo como um desgraçado
Que a humanidade tenha abandonado
Ao léu da sorte à margem da vida.
Sem ter direito de olhar pra frente,
Sou miserável, sou quase um demente!
Roto mendigo que não tem guarida.
Santa Luz, 08.05.1965