SEM RIMA
Juliana Valis



Prometo, não vou rimar

O terremoto da luz

Com o furacão da dor

Imersa nas paisagens sós... 



Meu vício de rima

Não poluirá com a tristeza

Essa imagem límpida

E tão bela quanto a tempestade




Tampouco rimarei o mar

Com as ondas do meu fastio

E do meu pranto perdido, incauto,

Entre tsunamis de versos ilógicos





Sim, recuso-me a poluir imagens

E a denegrir sentimentos nos labirintos da vida

Recuso-me, porque sou ninguém

Diante do sol refletido nessas águas emocionais...




Assim, atrevo-me apenas a transcender

Todo átimo da dor já diluída nesta noite insípida

E quero, somente e nada mais, transpassar

O invólucro bêbado das aparências sóbrias

Até que eu possa, enfim, embriagar-me em versos.