Desconstruindo Eduardo souza
Por que falo tanto, e tanto complico?
Porque gosto do som da minha voz.
Porque a pose, por que o sorriso?
Porque preciso não me sentir menor.
Hoje sem metáfora, sem engenharia.
Sem máscara, sem recursos de cena.
A maquiagem já está ultrapassada,
e a paciência, aos poucos se gasta.
Sou menos vítima do que gostaria,
faço escolhas erradas e manipulo.
Não vivo com tanta luz quanto preciso,
nem estou o tempo todo no escuro.
Eu grito: Me amem, eternamente,
para aprisionar as atenções e culpas.
Mas é tudo solidão mesmo à dois,
pois só meu ego é amado por mim.
Sou pedante, sou superficial,
para falar de tudo e não falar de nada.
Me interessa mais o efeito imediato,
que ser eterno pela simplicidade.
Sou um gigante com pés de barro,
escondido em pele de lagarto.
E mesmo quando sou sincero,
prefiro a ofensa ao desagravo.
É esse o poeta que todos querem?
É esse o criador que todos querem ver?
Que cada um pegue um pedaço desse corpo,
que agora atiro aos pés de todos vocês.
Esse corpo não me interessa,
e o que se apresenta, sou eu nú,
vestido de inveja, angústia e ira,
sem profundidade e sem perdão.