Desencantos
Não soubeste
Nem eu te diria
Do grito sufocado
Da agonia amordaçada
No baço dos meus olhos
Não sentiste
Nem eu te mostraria
O penetrar da navalha
Afiada pelas palavras
Atravessando-me a alma
Quisera hoje não ser a mesma
Nem precisar fingir serenidade
Pudesse esgarçar a voz
Sem temer o eco de cada sílaba
Antes estes versos me contivessem
E estancassem a lágrima
Mas o teu gesto sobrevive
Ao espalmar das minhas mãos
Ao cerrar de todos os meus olhares
E pergunto-me repetidas vezes
Haverá um lugar onde meus olhos apaguem
Todas as palavras que não me pertencem?
Amanhã o dia acordará sem sombras
O sol não lembrará desta noite
Deito o meu coração
Ainda reticente e insone
Talvez as águas da dor
Não me afoguem
Nem me acompanhem
Os passos dessa tristeza...
Fernanda Guimarães
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