TIiro no pé, outro no osso.
Aplaudiram-me de pé quando fui perfeito
E hoje repudiam quando escrevo torto.
Primam na perfeição de um verso,
Mas esquecem-se do seu sentido lato.
Rimas não adequam o meu sentimento,
Em tudo, e em si, vejo apenas tormento.
Perdoem-me amigos, sou um simples
Bardo, conheci a vida num parto
E nela ainda nada encontrei.
Estou numa busca incansável,
E tudo se torna decadente:
A vida, a cada dia que passa,
Torna-se um fardo indefinível.
E no dia que eu estiver no fim,
Já com a corda no pescoço;
Dêem-me um tiro no pé
E outro no meu pudico osso.