REFLEXO
Odeio a precisão matemática com que teu olhar me disseca
Vendo em mim cada átomo cada partícula sob a luz de teu raciocínio
Tua lógica é imperturbável eu sei
Detesto ver arder em você à chama de antigos desejos
Vontades terríveis...
Vontades covardes...
Quereres que conheço bem
Lamento desconsolado tuas fomes estranhas
Não há saciedade para teu apetite extravagante
Abomino o saber que tens de minhas aspirações mais recontidas e negras
A passividade com que me observas e esperas que eu caia em novo erro
Por que você sabe de meus erros não sabe?
Eu temo teu silencio
Tua face muda e selvagem a me fitar
Para que censuras severas me remete tua barba?
Ferve meu sangue na ira de me saber incapaz de fugir de você
Eu que sou muitos
Que vivo personagens nas ruas e na segurança de meu lar
Ator irretocável que sou
A todos engano
Todos...
Menos você!
Eu penso em mil formas de escapar a tuas censuras e reprovações
Milhões de jeitos de não ouvir tuas condenações
Nada funciona
Você esta sempre la...
Esta sempre ai...
Volta implacável e me persegue
Ah... Não há fuga de você?
Minha imagem no espelho.