Olhos de Ver

Não sei se por benção

ou por sina

Se dom herdado

ou carma reencarnado

Se hábito de infância

ou gosto adquirido

Memória coletiva

ou lembrança individual

Mas nasci

com olhos de ver o minuto

e ouvidos de escutar o instante.

Me cativam o olhar efemeridades do mundo.

Sol entrando por fresta de persiana

Vento brincando de textura em espelho d'água

Sombra de nuvem criando tons de verde na montanha

Me encantam os ouvidos ruídos do dia.

Barulho de edredom roçando no corpo

Vento assobiando em fresta de janela

Som de água ecoando dentro do crânio embaixo do chuveiro

Me surpreendem sensações da vida.

E deixo a alma fabricar momentos.

Sol esquentando pele recém-saída de ar condicionado.

Luz do dia batendo em pálpebra fechada

quando eu paro,

ali na esquina,

para um suspiro.

Porque suspiro bom

é suspiro de olhos fechados.

Em átimos de encanto

colhidos no dia,

paro o pensamento

Só para me deixar sentir

a sensação que dá

estar viva.

E celebro!

Maio de 2012