O gado
Nasce já aprisionado
Às ideias pré-moldadas
Em tua boca há mordaça,
Os teus olhos são fechados.
Tua mente é terreno
Onde se cultiva a mentira,
Onde se destila o veneno
E a razão não germina.
Nasce já num cercado
Um espaço pré-destinado,
Alimenta teus senhores
Com insanos fervores
Dum pensar que é controlado.
Até quando ter por conta
A ilusão desta vivência,
Ignorando o que desponta
No horizonte da sapiência?
Até quando se negar,
E mergulhar na ignorância
Elegendo a dominância
Para por ti poder pensar?
Despertai todo este gado
Qual está inebriado
Para que por terra caia
Esse canto tão ferino,
Das notas que vem de Maya.
Rio de Janeiro, 22 de maio de 2012.