OLHAR DE ZINCO

No balanço do ônibus...
Corpos se roçando
Olhares se encontrando
Odores se confrontando
Assentos são disputados
E rostos no desaponto de mais um dia.

No balanço do ônibus...
Se vai pro trabalho, pro cinema
Se vai pra escola, pro hospital
Se vai rumo afora, mundo a dentro
Se vai buscar melhoras
Se vai garantir lugar na fila
Do banco, do SUS, em alguma inscrição
Se vai, se esvai, coração banzai.

No balanço do ônibus...
Muitas companhias sem serventia
Indiferentes, estáticas, frias
Na eterna luta do dia a dia
Com seus ipods, celulares, MP4, MP5
Todas com afinco no olhar de zinco
Mas são pessoas, tantas pessoas
Não sei se são ruins ou boas
Sei apenas que são pessoas
Novas ou velhas, falsas, sinceras
Mulheres e homens feitos em série.
Elas têm nome? Quem não tem?
Crianças também têm, sempre tem.
Trabalhadores, estudantes, amantes
Filhos, loucos, doentes, mães, pais
Casadas, solteiras, sozinhas, vizinhas
E muito mais. Serão todos iguais?
Eu os olho, apenas vejo e ignoro
Estranhamente formam um quadro
Seres em desacelerada aceleração
No vai e vem, no sobe e desce, no zunzum
No final da viagem descem um a um
Na volta do ônibus não sobra nenhum.

Zaymond Zarondy
Enviado por Zaymond Zarondy em 24/05/2012
Código do texto: T3685196
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