NÓ NAS LINHAS DA MÃO.

A dor da espera esfacela,

destrona, desmorona.

Faz o ar ficar rouco, faz o afago virar soco,

faz tudo ficar mofado.

A dor da espera desafia o céu e o inferno,

deixa a boca amarga, acinzenta a cor.

A dor da espera não perdoa nem negocia,

deixa o sangue empedrado, coloca cabresto no sonho,

é atroz e não seca nunca.

A dor da espera rasteja, esbraveja,

desfalca a alma, confunde as batidas do coração,

dá nó nas linhas da mão.

A dor da espera alfineta, arrebenta nossos rebites,

escracha com os nossos limites,

encarde nossos recantos mais sagrados.

A dor da espera nunca sossega, nem dá perdão

nos deixa de cara suja, voz manchada e caminhar torto.

A dor da espera é esperta, sabe de nós como ninguém,

engana Deus e o diabo com ginga de mestre,

é areia movediça com apetite de leão.

A dor da espera dispensa agrados, é soberana, é tirana, é sacana,

quando achamos que está morta, abre os olhos e volta com vigor maior,

só pra estilhaçar cada face da nossa fé num gozo eterno

e rindo à toa.

Rindo à toa toda vida.

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Oscar Silbiger
Enviado por Oscar Silbiger em 23/05/2012
Código do texto: T3682967
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