A LÁGRIMA
H. Amador.
Do amargo olhar deste pobre abandonado,
Rola a lágrima da dor que o consome.
Desgrenhado e infeliz, no desditoso pecado,
Espírito a sofrer, desesperançado, com fome.
Extingue-se seu sonho e sua dor continua,
Voa o tempo a rolar no negro itinerário,
E a lembrança melancólica que cultua,
Mais aumenta o palpitar deste fadário.
Entre as brumas da mágoa que o apavora,
Na desdita imensa desta atroz hora,
Cai a lágrima oscilante de cristal perfeito.
Lágrima de saudade, um lírio de ternura,
Lágrima de angustia, uma filha da amargura,
Da profunda desventura que reside no seu peito.
Santa Luz, 22. 04. 65.