abertura...

Eu assumo:

Que vivo

Na bruma,

Sob o céu da infância

Que não sabe ir embora

Que não deixa a cantiga de ninar

Ir embora,

Que minha mãe cantava

Antes do primeiro sono

Antes do cansaço vencer

De meu pai chegar da rua...

Não deixo meu quintal

Cheio de mangueiras

Pés de mamão macho

Descendo leite e pulverizando

Ao chão...

Embaixo de sol

Que era sol o dia todo

E a noite que era noite

A noite toda,

A gente brincava:

Embaixo da bruma da infância

Podia-se brincar,

Podia amar sem cobrar

Podia ser um astronalta

Um bombeiro, um homem

Cego, um porteiro do céu

Tudo era brinquedo

O mundo era feito pra brincar

E mesmo tudo aberto assim

A vida era um segredo

Inviolado.

Alex Ferraz Silva
Enviado por Alex Ferraz Silva em 22/05/2012
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