Exorcismo.

Então meu amigo me chamou, todo precavido.

Era para fazermos um exorcismo,

numa casa desconhecida,

casa desmoronada.

Chegaríamos lá, eu e meu santo amigo.

Santo de separado,

sem São- ou canonização

nem dono de religião,

muito menos material de procissão.

Estaríamos lá com as Escrituras apenas.

Sem água benta tratada pelo padre,

nem maleta com bala de prata.

O crucifixo estaria cravado em nossas corações,

não na nossa toga de linho fino.

Nossa esperança não está em Maria.

Não existe São Pedro ou São Jorge,

é tudo fachada.

Pedro nem são era, e sim louco desvairado.

Pedro imundo, Jorge safado.

Todos mortais, mortos e já são pó.

Minto? Todos homens, todos loucos.

Assim não teríamos medo do possuído,

mas também não debocharíamos.

As dominações e príncipes deste século não temem a nós,

e sim ao nosso Rei

somos apenas mensageiros.

Acabaríamos de expulsá-lo

e iríamos para casa, dando Graças.

Não aceitaríamos o presente dos pais da pessoa,

nem cobraríamos taxa ou algo parecido,

apenas Graças ao Pai de luzes.

Uma xícara de café talvez eu aceitasse,

repartir o pão também,

mas bem depressa.

Acabaríamos isto como servos inúteis,

e em nada nos gloriaríamos.

Nossa alegria não estaria em demônios sujeitarem-se a nós,

nem em nossa autoridade sobre principados e potestades

mas por termos nossos nomes escritos no Livro da Vida,

como o dono da autoridade máxima nos ensinou.

[22/05/12]

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 22/05/2012
Reeditado em 22/05/2012
Código do texto: T3681821
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