Oedipus
Caiu a lua, no fundo de uma xícara.
Vênus, não nascida mas surgida,
diz guiar a minha mão.
Quantas formas, ela ainda vai tomar?
Terror, terror....todas as formas são ela,
todos os bábaros, todos os destruidores.
São tantas a formas de se matar o intocado,
e infinitas as formas de ele renascer
ao lado da minha culpa, sua culpa,
culpa de ninguém.
Vasa meus olhos a seta de tua verdade,
para que não mais possa ver o carmim de sua face,
mas não me cega a fonte de minha fraqueza glandular,
que me arrasta, me consome, me afasta.
A bondade de uma filha que junto a mim mendiga,
é o amor mais sujo que nunca se pronucia.
Então tornam-se ânforas de minha projeção
as versões andoides do ventre da perdição.
Até que seu dedo apontado para meu rosto,
me dizendo quais escarpas devo percorrer,
não pereça em minha imatura fantasia,
nada de novo poderei fazer, nesta vida,
nem em outra que irei desfazer.
Não o conserto, nem o melhoro..
me alimento de sua tristeza e fúria.
Porque cego, eu tenho seus olhos.
E o que eles vêm do mundo,
de agora em diante,
não mais me interessa ver.