Um segundo guardado





Vou me aproximar até desconhecer.
Depois encontro minha caixa de guardados...
de onde vou retirar as botas empoeiradas,
minha guitarra vermelha e branca,
e meus poemas inacabados.

Bem vindo ao passado,
onde sou, vivo ou morto, procurado.
Não é fugir, nem correr do perigo...
É que simplesmente, este quarto não me cabe.
nem ao menos, a imensidão do deserto,
nem ao menos, o personagem criado.

Por todos os estados, haverá o verbo,
reverberado...
de quem procura, por aquele que não sou mais...
pois eu morro, a cada vez que deixo o palco.


E numa nota de jornal, antigo e amarelado,
lê-se o enunciado:
"Morreu, ou está desaparecido?
Paga-se  bem a quem trouxer de volta."
Não se encontra mais aquilo que fui,
nem encontro o que está definitivamente acabado.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 22/05/2012
Código do texto: T3681583
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