Orestes





Elementar cadeia alimentar.
Não é surpresa, com os dados que se me apresentam.
Nascendo errado, do crime e da pré-destinação,
só poderia dar em apenas um lugar:
A casa manchada, que não abriga nomes.
Abriga borrões de um tempo trágico,
antes do apocalipse e depois da inocência.

Inocência do pai que desencadeia a fome,
da mãe que desencadeia o desejo,
dos filhos que desencadeiam a culpa,
e dos amantes que desencadeiam a cegueira.

Não escolher matar a mãe,
e sofrer a loucura é uma consonância.
Enfrentar o pai é lidar com as leis.
E o que é isso para um artista da dor?

Navegando em direção à Argos,
com sete espadas cravadas na proa,
o Ray Ban ignora a luz do céu,
para proteger a escuridão dos olhos.
Afoga-se a história num Dry Martini,
e em qualquer coisa injetável e súbita.

Nessa aldeia de escarpas e mares,
pergunta-se exatamente, quem se alimenta de quem.
Vê-se a poesia, se alimentando de tudo,
o filho que trucida a mãe fabricada,
a visão inútil de quem viu o futuro,
e que deu a medida do tribunal de homens,
todos perdidos, todos equivocados.
EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 21/05/2012
Reeditado em 22/05/2012
Código do texto: T3680562
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