Estou limpo agora
Amei mesmo!
Fui chamado de louco
De estúpido
Simplório,
Condenado de forma arbitrária
À noites e dias frios.
Meses sofrendo atrás daquelas ilusões,
Daquelas grandes que eram
Tão reais quanto essa parede de concreto
Que nos separa.
Das lembranças do prazer intenso,
Do colo perfeito, da entrega,
Da confiança....
Até encontrar o caminho de volta.
Voltei abatido e envergonhado.
E mesmo quando sai....
Bom, ainda me recomponho!
Ana amou Carlos e não contou
Pra ninguém. Tem medo de represálias.
E sabe-se de boatos, que outros
Andam amando escondidos
Ao relento mesmo, sem direitos.
Na clandestinidade!
O Estado tem mão de ferro
Nesses casos,
A produtividade caem terrivelmente.
“Esse mundo de sonhos é o nosso
Verdadeiro inimigo”
Foi a manchete
No jornal de domingo....
Adiaram-se a reunião dos camaradas.
Todos estão apavorados,
A superficialidade lhes muito dolorida.
E meus companheiros barbudos
Sossega com filmes e canção de furar peito.
Pena que fui pego
Cumpri pena,
Quer dizer: Minha pena
Está acabando
Pesada.
Daqui a pouco estou fora
Longe do amor...
Longe das reuniões
Estou limpo.
Quero me manter na linha,
Do seu lado da parede de concreto.