Estou limpo agora

Amei mesmo!

Fui chamado de louco

De estúpido

Simplório,

Condenado de forma arbitrária

À noites e dias frios.

Meses sofrendo atrás daquelas ilusões,

Daquelas grandes que eram

Tão reais quanto essa parede de concreto

Que nos separa.

Das lembranças do prazer intenso,

Do colo perfeito, da entrega,

Da confiança....

Até encontrar o caminho de volta.

Voltei abatido e envergonhado.

E mesmo quando sai....

Bom, ainda me recomponho!

Ana amou Carlos e não contou

Pra ninguém. Tem medo de represálias.

E sabe-se de boatos, que outros

Andam amando escondidos

Ao relento mesmo, sem direitos.

Na clandestinidade!

O Estado tem mão de ferro

Nesses casos,

A produtividade caem terrivelmente.

“Esse mundo de sonhos é o nosso

Verdadeiro inimigo”

Foi a manchete

No jornal de domingo....

Adiaram-se a reunião dos camaradas.

Todos estão apavorados,

A superficialidade lhes muito dolorida.

E meus companheiros barbudos

Sossega com filmes e canção de furar peito.

Pena que fui pego

Cumpri pena,

Quer dizer: Minha pena

Está acabando

Pesada.

Daqui a pouco estou fora

Longe do amor...

Longe das reuniões

Estou limpo.

Quero me manter na linha,

Do seu lado da parede de concreto.

Alex Ferraz Silva
Enviado por Alex Ferraz Silva em 21/05/2012
Código do texto: T3680212