Criação da razão
Porque hoje é criação da minha razão,
e me estendo sobre teu braço seguro
de carne e veias prontas para morrer.
Parar, amor, a tua criação com os olhos,
tua boca sempre a dizer “por aqui”.
Se podes conservar a calma de tuas noites, deverias tecer os dias de minha vida.
Não serás responsável pelo que não tenho.
O teu silêncio é uma vela perdida,
Onde o vento grita a idéia.
A tua busca, a tua busca de envelhecer minha pele
E essa caravana que eu sigo, ainda.
Pois bem sei, senhor do meu tempo, que de tudo em mim não queres.
Sei que morarei em teu telhado solto de amor.
Pois o meu amor, meu amor, ainda é teu.
E como estou velha para as ruínas, não posso mais prometer parar o tempo em mim.
Você vai ver passar em ordem de urgência, talvez.
Você verá sumir devagarzinho entre uns dias em teu negro e em outros sozinho.
Preencheras teu riso afortunado de dias que foram meus.
Verás, amor meu, que não lembrarei nitidamente do teu fingido desinteresse.
Serás fundido em meu sono escasso.
Mas eu seco meu controle e me abandono à ideia de pensar em ti,
dia e noite hoje.
Mas não garanto o amanhã.