Minha petição.

Minha petição soou como a de um escravo em sua jaula,

prostrado perante seu senhor

clamando: por favor, por favor!

Ele me ouviu?

Meu abanar de mãos foi semelhante em uma prisão,

tocante aos ouvidos que perambulavam,

e foi como o som de canecas tilintando nas grades,

frias e ásperas em toque.

Peguei-me como um escravo,

mas não fui achado como tal.

Ai de mim filho não deste mundo,

rogar como filho deste mundo,

com irreverência e alucinação.

Sinta o toque do chão frio!

Sim, sim, não, não,

foram minhas respostas perante meus senhores carnais,

comigo humildemente de pé.

Perante meu Senhor,

permaneci humilhado de joelhos

e ai de mim pedir o que quero, como me convêm!

Ele colocou-me de joelhos, como Lhe apraz.

Minha petição chegou aos Seus ouvidos,

dono de tudo e todos

Senhor arquiteto-maestro.

Chuva cai, sol se põe, em Seu senhorio.

Não sei pedir como convêm,

sou demasiadamente leigo em minhas palavras,

e Seus montes são mais altos do que eu possa enxergar.

Mesmo assim, Ele me ouviu.

Minha petição vazou por meus ouvidos

como líquido viscoso,

cheio de angústias e visões no espelho,

quantas visões!

Ela não teve como ser sustentada por mim, de certo.

Muito pesadas,

minhas costas não conseguem aguentar.

Choro de dor nas costas, nem relaxante muscular ajudaria agora.

Ah, eu não mando e comando o mundo.

Não sou desta terra e geração leprosa,

sou como o vento,

levado para cá, para lá

sem saber para onde vai,

mas sempre perfeitamente direcionado

por todos os lados, todos.

Ai de mim pedir algo ao Senhor que usa nossa terra

como estrado de Seus pés,

e os céus são Seu trono,

ai de mim!

Pereço amargamente,

cresço graciosamente.

Humilhei-me debaixo de Suas mãos,

joguei minhas ansiedades,

e então Ele me ouviu,

e exaltou-me como estrado de trono,

promoveu-me a alto cargo de desatador de sandálias

(nem sequer sou digno!).

Minhas lamúrias foram amargas,

e as lágrimas foram minhas insígnias

de miserável, inútil e dependente.

Mas Ele me ouviu,

meu Senhor me ouviu

em expiação, por morte eficaz.

Mesmo em Seu sublime trono,

pelo eterno sucedido,

Ele me ouviu.

Minha petição foi sustentada,

meu pedido foi ouvido

e meu rogo atendido.

Minha oração, formada antes de nascer

antes de eu nascer foi formada.

[21/05/12]

Cesare Turazzi
Enviado por Cesare Turazzi em 21/05/2012
Reeditado em 21/05/2012
Código do texto: T3679583
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