PARA SÍLVIA

Vagava pela praia. O velho mar rugia

Elevando suas vagas com insano furor.

Sopravam os ventos, corriam as velas,

E na atmosfera pairava atroz calor.

Na areia fina e bem acolhedora

Deste recanto de cálidos enleios,

Ei-la deitada com o corpo seminu,

Deixando bem a vista seus belos seios.

Na grandiosidade desde quadro tão formoso,

Seu corpo sensual, quieto e mudo,

Atraia olhares desejosos e maledicentes,

Permanecendo indiferente a todos e a tudo.

Quanta voluptuosidade oh Grande Deus!

Quanta harmonia num corpo feminino,

Que visão arrebatadora e envolvente,

Que quadro sacrossanto e divino.

Será que das profundezas do oceano

Esta bela ninfa tenha emergido?

Ou dos paramos do infinito imensurável,

Uma estrela lá do sidério tenha caído?

Não! Ela existe na realidade,

E se confirma na cruel verdade

Que meus olhos depois foram notar!

Ao vê-la passeando braço dado

Com um jovem, pelas ruas, lado a lado,

Em perfeito e carinhoso namorar.

Passam os dias e continuo sozinho,

A soluçar a implorar carinho.

Minha alma triste nada mais deseja,

Senão seu beijo e angelical pureza.

De ti distante vivo desprezado,

Temendo a sorte como um condenado,

Tendo, porém a doce esperança,

De possuir, o teu amor criança.

Periperi, 10.05.1965.

Sertanejoretado
Enviado por Sertanejoretado em 21/05/2012
Código do texto: T3679038
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