PARA SÍLVIA
Vagava pela praia. O velho mar rugia
Elevando suas vagas com insano furor.
Sopravam os ventos, corriam as velas,
E na atmosfera pairava atroz calor.
Na areia fina e bem acolhedora
Deste recanto de cálidos enleios,
Ei-la deitada com o corpo seminu,
Deixando bem a vista seus belos seios.
Na grandiosidade desde quadro tão formoso,
Seu corpo sensual, quieto e mudo,
Atraia olhares desejosos e maledicentes,
Permanecendo indiferente a todos e a tudo.
Quanta voluptuosidade oh Grande Deus!
Quanta harmonia num corpo feminino,
Que visão arrebatadora e envolvente,
Que quadro sacrossanto e divino.
Será que das profundezas do oceano
Esta bela ninfa tenha emergido?
Ou dos paramos do infinito imensurável,
Uma estrela lá do sidério tenha caído?
Não! Ela existe na realidade,
E se confirma na cruel verdade
Que meus olhos depois foram notar!
Ao vê-la passeando braço dado
Com um jovem, pelas ruas, lado a lado,
Em perfeito e carinhoso namorar.
Passam os dias e continuo sozinho,
A soluçar a implorar carinho.
Minha alma triste nada mais deseja,
Senão seu beijo e angelical pureza.
De ti distante vivo desprezado,
Temendo a sorte como um condenado,
Tendo, porém a doce esperança,
De possuir, o teu amor criança.
Periperi, 10.05.1965.