Nada

Nada, nada, eu não sou nada,

Nada, nada, só agora o sei,

Nada, nada, minha vida é nada,

Nada daquilo que tanto sonhei,

Sei que sou nada, porque sou sozinho,

Um nada triste a soluçar num grito,

Um nada errante, a mendigar carinho,

Um nada obscuro, a decompor-se aflito.

Sei até que este soneto é um nada,

O nada de uma noite bem escura,

Com seu vento, sua chuva inesperada,

Que aviva muito mais a amargura,

De saber que minha vida é um nada,

Um nada, mesmo além da sepultura...

Santa Luz, l2. 02. 1965. Escrito num momento de profunda angustia e desespero..

Sertanejoretado
Enviado por Sertanejoretado em 21/05/2012
Código do texto: T3679022
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.