As "chinelas" que Caetano me deu





Eu posso ser tanta bobagem,
e seu discurso está pra lá de qualquer coisa.
É essa tropicalidade que me invade,
essa abstração do lado de baixo do equador.
E se está abaixo do equador não tem pecado,
com avenidas que se cruzam em público,
e ruas dando para becos sem saída.
Acho que isso tudo é efeito do araçá azul....

Traga minhas "chinelas" furtacor,
pra eu desenvolver o processo da preguiça.
Tenho preguiça da análise quantitativa,
tenho preguiça de morrer subitamente.
Tenho preguiça de ser explícito,
tenho preguiça de gente.
Que delírio, que massa, que figurativo mais lindo....
Isso tudo é lindo...
Proibir não é lindo.
Vou me exilar em Londres, só pra ver a tropicanalhice
pelo âmbito da bahianidade low profile....

Carnavalisar metáforas e decúbitos dorsais,
é o talento do doloroso braço armado.
Cacetada no lombo de quem usa tanga de crochê,
de quem abusa das figuras rebuscadas,
de quem faz música para leões de pelúcia,
ou para cavalos desembestados.

Ou não.

Tudo é quase lindo nessa terra,
tudo é quase cheio de talento nessa selva.
Tudo é quase e só,
porque ser médio é ser bacana.
Porque têm mais utilidade as minhas chinelas,
do que a metalinguagem do armário.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 20/05/2012
Código do texto: T3678003
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