Impossíveis regressos

Já não há caminhos de águas

seca-me a boca a lonjura

terras por mim semeadas

prontas à ceifa amargura

alimentai-me as raízes

a quem dei asas de vento

iludi-me sons felizes

num canto do sentimento.

Já não há seivas de vinho

lameiros verdes em flor

um só breve passarinho

a matar-se por amor

cravando no peito aberto

os seus trinados finais

como se sentisse perto

o voo dos seus rivais.

Já não há chuvas descendo

ao beijo que demorei

só um arco descrevendo

as cores que nunca pintei

no meus olhos planto névoas

a segar lá para Agosto

declínios de sal em tréguas

temperando-me o desgosto.