INTERIOR

Eu moro no interior,

Onde as casas são simples,

Com margaridas no jardim;

Onde o canto do galo

Desperta os homens

Para o trabalho;

Onde o leite

Inda chega quentinho,

No começo da manhã;

Onde as tardes são preguiçosas

E as araras vêm se coçar

No costado dos ipês;

Onde as estradas são arenosas

E as porteiras dão passagem

A campos ensolarados;

Onde os rios são cristalinos

E os peixes se multiplicam,

Como as borboletas;

Onde as ruas são estreitas

E as crianças brincam

De bicicleta;

Onde as noites são compridas

E os sapos coaxam

Ao luar;

Onde os domingos são azuis

E as pessoas se encontram

Na igreja e na praça...

Eu moro no interior.

Existe, por acaso,

Dádiva maior?