HISTÓRIA DE UM AMOR!

Amador Filho

Vais vivendo tua vida,

Tão verdejante e florida,

Sempre a cantar e sorrir!

Acalentando teus sonhos,

Grandiosos e risonhos,

Sem nunca pensar no porvir!

Estes sonhos são brilhantes,

São estrelas rutilantes,

São próprios da mocidade!

Está tudo muito perfeito,

Guardado dentro do peito,

Quando se vive esta idade!

Tua alma é quase inocente,

Quando alegre e bem contente

Entoas um hino de amor.

E a natureza se cala,

Quando ouve a tua fala,

Com contrição e fervor!

Teus olhos possuem encantos,

Pois nunca verteram prantos

Nesta quadra de bonança!

Cintilam a todo o momento,

Quais astros no firmamento,

Minha adorável criança!

Tua boquinha é tão mimosa,

Tem o feitiço de uma rosa,

É como uma taça de altar!

Foi feita para um beijo,

Mas coras logo de pejo,

Se nele alguém te falar.

Se a Santa Maria permite,

Meu sacrilégio se consiste,

Em revelar-te a verdade!

O teu seio comparado ao dela,

Em quase tudo, muito revela,

Perfeição, beleza e divindade!

Teu corpo tão bem trabalhado,

Pela mão de um artista, plasmado,

Traduz a castidade e o pudor!

Porém fiques bem certa HILZINHA,

Que somente no céu, a RAINHA,

Tem igual beleza e esplendor!

Mas se este infeliz ao cantar delira,

Tangendo tristemente as cordas da lira,

Nestes simples versos, a cismar!

Em tua macia cama reclinada,

Tu permaneces indiferente e calada

Sem a este infeliz escutar!

Eu já tive um milhão de amores,

Eu já cultivei variadas flores,

No jardim do meu coração!

Mas o tempo cruel levou tudo,

Deixando-me sozinho e mudo,

Sem um amor, sem uma afeição!

Das passadas fantasias,

Das efêmeras alegrias

Que com outras já vivi!

Nada mais resta no meu peito,

Senão um cruel passado desfeito,

Pois hoje, vivo somente para ti!

Foram sonhos, e eram lindos,

Mas felizmente estão findos,

Nem lembranças me ficaram!

Pois sofreria tão sozinho,

Ao relembrar com carinho,

Destes sonhos que já passaram!

Agora, quero muito amar-te,

Mas deixa-me logo contar-te,

Como tudinho começou!

Numa festa de aniversário,

Entre risos e comentários,

Alguém de ti me falou!

Exaltaram a tua beleza,

Mas com imensa tristeza,

Acrescentaram depois!

“Ela não liga pra ninguém,

E com a pose que tem,

Não chega para nós dois!”

Prosseguimos discutindo,

E tu foste desmentindo,

Toda a má informação!

Foi quando notei assustado,

Que tu me olhavas de lado,

Depois, olhavas para o chão!

Aquele olhar não mentiu,

Pois a tua alma também sentiu,

A mesma atração que eu senti!

E transfeito em realidade,

Provou com sinceridade,

O que tinhas dentro de ti!

Quando te falei de amores,

Vi logo que tinhas temores,

De uma ilusão embalar!

Mas HILZA por Deus eu juro,

Sem medo de ser perjuro,

Minha vida, a ti dedicar!

Não compreendo este sorriso,

Que em teus lábios, indecisos,

Fica a brincar com desdém!

E eu fico infeliz, acabrunhado,

Com meu coração dilacerado,

Pensando, somente em ti, meu bem!

Sabe que tu és a minha sorte?

O meu ideal, a minha morte...

Minha estrela preferida a brilhar!

És o ser que eu busquei ansioso,

Com meu coração triste e choroso,

E te encontro agora a brincar!

Não HILZA, chega de dores,

Deixa-me viver teus amores,

Vem no meu colo deitar!

Pois num futuro risonho,

Veremos que este lindo sonho,

Será concretizado no altar!...

Santa Luz, 1964.

Sertanejoretado
Enviado por Sertanejoretado em 18/05/2012
Reeditado em 08/09/2012
Código do texto: T3675401
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