Scherzo dramático








Para viver sete dias,
melhor servir na infância rasa,
o que há de impossível na comédia.
Porque trata-se de assunto curvo,
como notas que despencam dos quadros.
Um inferno de rosas e amarelos viscosos,
descendo pela parede, além das molduras,
sufocando a aranha tecedeira,
assaltada impiedosamente por parnasianos.
Coitada da forma aguda das investidas,
feitas pelas meninas que acendem as lanternas.
Isso deve ter sido na década de 20 ou 30,
quando ainda o figurativo era moeda de sonolência.
Paciência, que a fome aumenta,
na proporção da ira do homem sem rosto,
que rege a escalada dos sopros amuados.
Coitados....
que se aperceberam da insolvência da penumbra,
e trancaram Manhattan numa gaveta.
Uns foram dar na invenção do esquadro,
outros se desfizeram num outono cafona.
Poucos entenderam o que se via através da lupa,
e voltaram para casa, piores que a encomenda.


EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 18/05/2012
Código do texto: T3675182
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