infâncias enjauladas
Mesmo quando criança,
Era difícil ser apenas o que me propunha
Comer, ser feliz
E seguir as regras que conceituam
Uma criança.
Era pouco
E eu queria mais
Uma parte minha já tinha asas,
Eu não sabia pra onde ir.
Mesmo assim
Partia diariamente.
Não queria
Estar no mesmo lugar
Entre a escola,
A rua movimentada
E as coisas de casa,
Havia uma outra criança
Que como uma outra instância
Se escondendo,
Voava horas a fio
Por mundos inventados
Ou que existiam, sei lá..
E quando voltava
Já tarde da noite,
Junto com a noite,
Fundido na noite.
Alimentado de esperança
Escrevia seus primeiros
Versos,
Não com o lápis,
Porque sabia escrever.
Mas com um novo
Olhar sobre sua terra.
Depois as asas se atrofiaram
Quando em 23 de abril
De 1983, dia de Marfim:
Um decreto foi publicado
“Era proibido voar”
Ganhei a terra cedo
com as porosidades que
lhes são peculiar.
As borboletas
ainda voam...
E infância enjaulada
aprecia mesmo que distante....