Caminhos fáceis de achar ( por referência a Caio Fernando Abreu)
Dói, vez em quando dói, quase sempre dói.
E como dor, é preciso que doa e anuncie seu lugar.
Antes era amor, sempre amor, quase sempre amado.
E não importa o antes, se depois do quando, eu já não me achava.
Se todo dia, todo gosto exasperava ausência e fim de tarde.
Dói-de-dor-doída, de lágrima caída e gosto de sal.
Estive mal, tal qual um ovo apunhalado.
Quem quiser, que me coma cru e ácido e azedo.
De homem, um arremedo.
E a dor não falta.
Passa e escorrega a baba sobre seios que não são os dela.
Estive prostrado em mim mesmo, esperando não sei o quê do dia seguinte.
E estive no dia seguinte sendo um resto do que houvera.
Embora tonto e, portanto, chutei bola pra frente.
Corri adiante, me fiz diferente.
Dói, vez em quando dói, quase sempre dói, mas uma dor deveras contente.
Agora quem quiser que aguente, fui à forra.