FOME TUCANA
A cidadezinha acorda
Embrulhada em neblina.
Tudo branco
E em paz.
- Será assim o Paraíso?
Quando, enfim,
A névoa se dissipa,
Deixa ver,
Nos fundos da delegacia,
Dependurado no pé de mamão,
Um tucano a comer da fruta madura.
A fome é tanta
Que ele nem se incomoda
Com o guarda que passa,
Empunhando uma vassoura.
Come, irmão, come!
Tivesse um mamão
Em sua cela
De Bergen-Belsen,
Anne não teria morrido!