Noite de chuva

Cai a chuva nesta noite escura,

Como lágrima, cristalina e pura,

Pelo telhado, lentamente a rolar.

E ouço neste cair ritmado,

O esvoaçar de um sonho do passado,

Que o tempo não consegue apagar.

Nesta orgia, a terra toda treme,

Quando o vento trepidante geme,

Cortando velozmente a amplidão.

E no meu peito, a saudade mais chorosa,

Faz esta noite mais fúnebre e pavorosa,

Mais augusta e assustadora a solidão.

Se o Cristo ouvisse, nesta noite fria,

De minha alma a amargura desta sinfonia

Por certo choraria noutro calvário,

Quem sabe, mudaria este meu fadário,

Povoando de alegria este meu viver.

E este inferno de terríveis dores,

Que sempre me priva de bons amores,

Nunca jamais terá o próprio fim.

Porém viverei de um doce passado,

De um maravilhoso sonho acalentado,

Atualmente retido dentro de mm.

Periperi, 10.08.64.

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Sertanejoretado
Enviado por Sertanejoretado em 16/05/2012
Código do texto: T3670313
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