Drummondeando (fim de tarde)
Finda mais um dia.
Que agonia, meu Deus,
É viver sem motivos!
Se ao menos um eu tivesse,
neste mundo, ora raso,
ora escuro e profundo...
Inconsistente é a vida
que escapa por entre dedos.
A partida tão esperada,
novos medos também esconde.
Para onde vou depois,
se de onde vim não sei?
Na vida, algo me prende,
mas a desilusão rende mais
que fofoca na cidadela.
Quais as razões do amanhã?
Da janela espio pássaros,
os pássaros espiam pessoas
que me espiam a espiar pássaros.
Mais um dia assim finda.
Ainda que tivesse motivo,
qual a consistência, meu Deus?!
Outubro de 2007