Tempo da alma
Ninguém ouviu o longínquo adeus da alma no tempo
Nem o murmúrio das silabas secas nos lábios da cidade
A mesma cidade que esperou abrir a noite em leque
Brilhando astros no acanhado atrativo da alegria.
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Malsoante a dor dorme o céu
No pleno lago dos olhos claros
Ali há um reino onde as imagens dançam
Sobre mágoas, lendas, rupturas
Reclamando barcos que salvam
Até os breus das ilusões profundas.
Por alento, decerto, não canta o rude espanto
Acorda apenas a cidade suave
Tão aérea a enganar com meiguice
O enigmático galo do silêncio
Para despertar a graciosa beleza
Dançando ao vento o mundo
Composto apenas dessa cidade tranquila.
Cintilando entre lugares sombrios, verdes
Sobrepassando o hálito frio das janelas altas
Para abrir os novos sonhos
Instalados no vazio
Luzes que norteiam
Pavões soberbos
Que vagam calmos
Como ilhados
Entre mulheres naturais, esplêndidas
Imperecíveis na asperção dos perfumes raros
(No rápido instante em que voamos
O momento mais se parece um dia...)
No rápido instante em que sorri a alma inteira
Como uma sala em festa
Repleta de alegria rítmica.
Sobre a mágica malícia
Da malva sã do silêncio
Fulgura o bracelete de sol
Iluminando a manhã.
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