Uma pena
Ao entardecer
uma pequena pena
branca e leve
de invisível pássaro
entrou pela janela
e caiu sem consentimento
no meu ombro
Virgílio e Eneida espantando
no meu colo.
Agora de noite
branca e leve
frágil e morta
só voa se retorce
se assoprada num suspiro
de hálito de ar de angustia
inerte se esquecida.
uma pena só...
Encerrei-a
na gaiola eterna
de Virgilio.
(Quem sabe Dêdalo ou seu filho
transloucado pensa ter encontrado
o que acha perdido no seu labirinto)