Lá!(01/02/07)
A vasta ira de minha gula,
A rubra face de minha filha,
Meu cajado na mão...
Sem mais serventia alguma.
O que fazer agora?
Esperar que do alto me venham palavras...?
Não haverá um só dia que eu não baixe a cabeça.
Onde verei meu rosto
Se já não chove a mais de dez anos?
Onde esta quem lá deveria estar?
São as coisas que me restam.
Comer, dormir e ver a ira que eu procriei.
Onde mais poderei estar,
onde me esconder se tudo esta dentro de mim?
Para onde olhar
Se de dia eu vejo,
Se de noite eu vejo,
Se de olhos fechados eu vejo...
Se hoje, já cego, eu vejo.
O que ver mais?
Onde hei de me opor aos aontecimentos
Que não revelam mais nada
Que eu já não saiba.
Me esquivei enquanto pude, mas agora é tarde.
Ao menos um fim de tarde...
Onde deve se encaixar a noite
neste mundo de sete sois.
Sois vós quem vira me resgatar
Quando já não houver o que fazer aqui?
Onde deixei a ilusão de ser feliz??
Nem eu sei...
Por que hei de saber se nunca tive ganância nisso.
Porque sei que aqui estou.
olhando minha gula me devorar
Minha filha se envenenar comigo
Olhando o tempo ferir tudo o que crí ser inatingível.
Mas o tempo passa.
E quando ele passar,
Já não estarei mais aqui.
Pois estarei lá
Onde alguém deveria estar.