ANOS PERDIDOS
parte 1
Anos perdidos,
Breu caído sobre mim,
Da cruz inda as chagas
E na alma a vergonha...
Dante... Dante!
No inferno vivi.
Anos em que só os estranhos
Visitava-me,
Não os amigos,
Não os meus,
Só os estranhos,
E eu vivi entre meu povo!
Anos que da besta,
O galope
Foi constante.
Anos em que não teve homem,
E o poeta, foi tão negro,
Que não formou versos em cor.
Dante...Dante!
no inferno vivi.
Anos em que em mim à ménade
Ergueu seus pilares, seu templo,
Catedral de Baco.
Anos em que o corpo, foi só corpo!
Não houve pessoa,
Houve um verme,
Um parasita,
Um tolo houve!
Dante... Dante!
No inferno vivi!
Posto,
Só os estranhos me falavam,
Não os amigos,
Só os estranhos.
Quase nem um amigos,
Só um,
Esse que dos raios de Zeus,
Caímos desde cedo nos segredos,
Caímos desde cedo nos sonhos,
Caído um, outro levanta!
Criado no mesmo sal,
Nas mesmas ruas tortas,
Com suas casas tristes...
De todos só restou um...
Vindo de outras terras,
Sempre me visitava...
Dante... Dante...
O inferno vivi!
Anos em que as trombetas
Anunciavam o caos,
Padres... Benziam feito pragas meus olhos,
Eu, feito cego nada “via”
Correntes, tempestades, astros
Guia, nesses calendários seqüentes
fazeis dos anos doentes...
cura nos anos subsequentes.
Dante..Dante!
no inferno vivi.