Procela Íntima
Rumores bélicos estridentes contaminam os sentidos
Sinistramente tomam conta do coração como uma bruma de arsênico
As figuras de linguagem malévolas alastram-se pela alma,
Em meio à orgia das palavras febricitantes os tumores crescem
Acordando os tenebrosos demônios cavernícolas
Gestados nas entranhas do pântano da discórdia
Seres maldosos, peçonhentos, subterrâneos mercenários...
Que em êxtase profano colocam-se em fila dupla
Na tênue fronteira entre o amor e ódio
Esperando famintos que a mágoa encefálica exploda
Como o cogumelo escarlate de Hiroshima
Espalhando vísceras convulsivas pelo chão
Que a tempestade vermelha caia desgovernada
E a enxurrada radioativa arraste o amor funéreo
Para a hedionda antropofagia dos malditos fracassados.
(Edna Frigato)