Deixados
Deixei
Uma pedra
Guardada bem
No meio de meus oito
anos !
Enterrei aos nove meus brinquedos
De criança...
E, Numa caixa fechada,
Dizeres de pequeno,
Na ponta dos nove.
Um campo de esperanças
Atravessado aos 14, deixei...
Quando vi, sem estar pronto,
O prego que me esporou
A infância.
Deixe ainda um quardanapo
com seu nome, numa terça-feira,
De tarde, na porta da sorveteria
de Seu Izaque...
Eu tinha quinze anos.
Aos trinta e três
Deixei o que seria o amor
Da minha vida, que
Naquele momento
Já não era a vida
A mesma vida,
Era mais uma arremedo...
Estava encrustado na carne...
Esse foi difícil. Ainda
Tem coisas
Que não consigo
Deixar ficar no tempo delas.
Porque nunca consigo
ser mais importante
do que elas...
E muitos outros deixados
Eu fui deixando,
Ou que me deixaram
Quando não nos
Enxergávamos mais
No outro.
Esses outro.
pode ser também uma pedra.
Muitas vezes é o
seu nome que está
em alguma carta de
amor enterrada,
guardada numa
caixinha de desencanto,
porque ficou velha demais...
faz parte!
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