Babilônia imaginária
Suspenso jardim da Babilônia
Rosa, lírio, cravo, begônia...
Alusivos aromas madrigais
Ciprestes, cedros, oliveiras
Zeladas de cuidados pastorais
Flores, ramos, sementeiras
Rebanhos a perder-se no nardo
Piados, balidos, zunidos,
gorjeios, arrulos, mugidos...
Continentes contidos em eiras,
linguagens orquestrais.
Flanar, plainar
em correntes frias e quentes
Solados de finos calçados
passeios encantados
de namoros diurnais.
Cores abrangentes
pinturas de rica louça.
Índigo, musgo, púrpura e lilás
atrativos de estranha força
Rasantes, fixadores, contumazes
pousando watts de eletricidade
como garras de carcarás.
Apitos, trombetas, estribilhos
Vozes de anjos e demônios a pelejar
Pausa-se o canhão de tiros,
o estalar de bombas-
para ver uma borboleta voar.
Pendidos alguns frutos
ameaçam tombar;
os que se desprendem
(quando doces),
destilam o sumo em taças,
para majestades sorverem.
Laranjas, nêsperas, uvas,
maracujás
em frascos de geleias e compotas.
Frutíferas, florígeras,
animais e florestais
Ascendem no topo fulgurais
Diversidade de formas vívidas
Raízes, imperiosa colônia
destruída, formosa,
inigualável Babilônia.