Toca-me profundamente...

vibra em mim com a mesma intensidade

quando diante do espelho

mirando-me nos próprios mistérios

mesmo no plano da imaginação,

gênese de um tudo,

por vezes nos defrontamos com aquilo

que podemos chamar de angústia da criação.

Toca-me profundamente

a sensação de se estar diante de um marco divisor de tempos:

um da inquietação pelo algo a dizer; o outro,

da efetiva e consistente materialização do objeto pretendido.

Toca-me profundamente...

o desafio inicial dos horizontes,parece ser o de atravessar precipícios

sem se deixar intimidar pelas profundezas contornadas.

Toca-me profundamente...

"o momento em que todos os bares se fecham

e todas as virtudes se negam "

enquanto a história de cada um entrelaça destinos ,

falando uma nova língua, encarnando um novo tempo.

Toca-me profundamente...

as ruas andando sem pressa...

as calçadas vazias, descalças,

os prédios parados no mesmo lugar

e olhar a poesia que grita

no silencio da madrugada!

12/05/2012

Maria Thereza Neves
Enviado por Maria Thereza Neves em 12/05/2012
Código do texto: T3663251