PASSADO
Hoje ao bater na porta do esquecimento
Lembrei de tudo nos mínimos detalhes
Revi, imagens, pinturas e toscos entalhes
Do que fora minha vida se houvesse mesmo vivido
Senti-me até um pouco menos viva e quase sem sentido
Acordar, abrir os olhos e respirar
Pousar de leve os pés no frio chão
Deixar de voar em volta e em vão
De mundo extinto dentro da névoa cinzenta
Resplandecer do fundo da escuridão
Refúgio dos tementes aos Deuses já destituídos
Dos poderes antes postos e dispostos
A nos enganar e encarcerar em jogos de mal gosto
E assim já cansada de tentar entender o mistério
Que hoje acho que nem vale mais a pena ser desvendado
Fecho meus olhos, aprisiono minha alma,
Que se desespera por ter que voltar ao passado...