Temor
 
 
 
Não temo a morte, embora desejasse temê-la.
 
O temor que me causa insônia
É a normalidade com que os vivos
Assistem a barbárie dos nossos dias;
É uma complacência de não se indignar
Com as mutilações de corpos, de almas;
Com a naturalidade de pisar em poças de sangue
Ou d’agua da chuva.
 
Temo a forma inescrupulosa como políticos criminosos
Dizem-se inocentes com a concordância da justiça
E averbação do nosso comodismo, e voto.
Temo a educação oferecida gratuita ou paga
Onde se propaga o analfabetismo cultural
O analfabetismo emocional, espiritual...
O analfabetismo de “ser gente”!
 
Temo os líderes religiosos
Que fazem de Deus mercadoria
Que vendem milagres.
Temo os incrédulos
Que fazem de Deus mercadoria
Que O recorre apenas como um escudo
Na eminencia de perigo e O descarta depois.
 
Temo a mim mesmo
Por conhecer tantos temores
E não agir de forma a exterminar
Suas causas e efeitos.
Temo a você
Que pode ter lido este texto
E apenas concordado, ou não...
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Flávio Omena
Enviado por Flávio Omena em 10/05/2012
Reeditado em 10/05/2012
Código do texto: T3660862
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