MEUS OITO ANOS

Oh,que a saudade me leva

Afora à minha vida,

Minha infância resumida

Num doce de quero-mais!

Um mundo sem dissabores,

A minha paixão primeira,

O canto das lavadeiras

Qüarando roupas aos varais!

De comoção,belos dias

Nutriram minha existência!

-Respira,ó corpo em dormência,

Lembrando os anos em flor;

O olhar de um rosto moreno,

O sol de um céu queimado,

O mundo - um sonho inventado

À uma vida de amor!

Que horas foram vividas!

Quantas vezes "Carpe diem".

Meus anos de alforria

Naquele imenso pomar!

As frutas vistas às esgueiras

Em noites de lua cheia,

A vida correndo alheia

Nas brincadeiras ao luar!

Oh,tempos de abundância!

Oh,cada hora era uma era!

Que doce afã de quimera

No vôo do acauã!

Hoje quando olho lá fora

Só vejo a vida fictícia

De minhas mãos sem malícia,

De minha infância anciã!

Gilberto de Carvalho
Enviado por Gilberto de Carvalho em 01/02/2007
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