MEUS OITO ANOS
Oh,que a saudade me leva
Afora à minha vida,
Minha infância resumida
Num doce de quero-mais!
Um mundo sem dissabores,
A minha paixão primeira,
O canto das lavadeiras
Qüarando roupas aos varais!
De comoção,belos dias
Nutriram minha existência!
-Respira,ó corpo em dormência,
Lembrando os anos em flor;
O olhar de um rosto moreno,
O sol de um céu queimado,
O mundo - um sonho inventado
À uma vida de amor!
Que horas foram vividas!
Quantas vezes "Carpe diem".
Meus anos de alforria
Naquele imenso pomar!
As frutas vistas às esgueiras
Em noites de lua cheia,
A vida correndo alheia
Nas brincadeiras ao luar!
Oh,tempos de abundância!
Oh,cada hora era uma era!
Que doce afã de quimera
No vôo do acauã!
Hoje quando olho lá fora
Só vejo a vida fictícia
De minhas mãos sem malícia,
De minha infância anciã!